quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Os últimos tempos do reinado(I)

O certo é que embora o governo governasse em ditadura, e a imprensa não funcionasse em perfeita liberdade, a verdade é que nos finais de 1907, não havia presos por delito de opinião. Muito embora a imprensa republicana ou progressista, arrancassem grandes parangonas nos seus jornais, contra o governo de João Franco, o máximo que lhes podia acontecer, era verem as suas publicações suspensa por 30 dias, embora podendo socorrer-se de habilidades muito simples, como por exemplo o Diário Popular, durante o período de suspensão, publicar-se sob o título simples de O Popular.

Os insultos eram variados e abrangiam todos os Ministro, muito embora o mais focado fosse sem dúvida João Franco, chegando o Mundo, diário republicano a afirmar que segundo opinião médica a forma da cabeça de João Franco, demonstrava que ele não passava "dum caso de loucura epiléptica, ou mais exactamente como "um doido protegido por um bandido e servo desse bandido".

Com a morte de Hintze Ribeiro, em 1 de Agosto de 1907, abriu-se a luta pela sucessão entre Júlio de Vilhena e Teixeira de Sousa, pela liderança do Partido Regenerador, que o primeiro levou a melhor e que logo no início, provavelmente para ganhar pontos rapidamente, disse.

isto que estamos presenciando não pode continuar. Isto termina fatalmente por um crime ou por uma revolução. O crime, que deus afaste, será para nós um dia de luto. A revolução essa não a promovemos, porque somos um partido de ordem, mas para bem da Pátria e da monarquia, não a deixaremos passar por cima de nós.

Talvez possa ser hoje referido, porque conhecemos os factos, que este discurso foi premonitório e que Júlio de Vilhena, estava certo nas sus afirmações, mas na época, por certo não deixou de ser claramente interpretado, como um convite a uma acção violenta, contra o Rei, embora com punhos de renda.

Por outro lado a actividade revolucionária conspirativa, continuava a ensaiar a concretização das suas aspirações, quer planeando acções políticas de esclarecimento popular, quer ensaiando a utilização de bombas, para concretização de ataques de surpresa. A aprendizagem sairia cara e teria os seus custos em vidas humanas, Por duas vezes, uma no bairro da Estrela,quando três indivíduos haviam ficado feridos, pela manipulação indevida desses artefactos, outra vez num andar da Rua do Carrião e pelos mesmos motivos, embora desta vez com duas mortes a assinalar, um sobrevivente foi preso, chamava-se Aquilino Ribeiro.

O Rei chamava-lhes anarquistas e desprezava as suas capacidades, que realmente, não eram muito significativas em Portugal, muito embora, noutros países, fizessem bastantes estragos. Por cá meio pequeno, toda a gente os conhecia, e tidos na conta c de meros fala barato.

Ver-se-á que desta feita, assim não será, porque afinal outras organizações e outro tipo de pessoas se perfilavam na retaguarda dessa contestação, que dariam outras possibilidades de acção aos anarquistas, mais do que era habitual.






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