quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Acontecimentos no ano de 1905(II)

A Dissidência Progressista e as vozes minoritárias no Parlamento

  • As eleições de Fevereiro, não reflectiram a crescente influência da oposição republicana, pelo menos em termos de simpatia popular, como se pode colher do facto de terem vencido na zona urbana de Lisboa mas perdido largamente na zona rural conservadora e mais "manipulável", como já aqui se disse várias vezes em termos de "compra de voto".
  • Muito embora sem deputados eleitos, o partido republicano era bastas vezes elogiado no Parlamento. Perseguindo vários objectivos, os deputados franquistas e a partir de 10 e Maio de 1905 após a dissidência de José Maria Alpoim do partido progressista a que se juntaram 6 deputados daquele partido formando a Dissidência Progressista, juntaram vozes, no seu ataque à maioria progressista e também ao próprio Rei.
  • João Franco disse no Parlamento em Agosto deste ano " por um acto da coroa fui expulso do parlamento como um lobo danado, um conspirador inimigo das instituições". Ao mesmo tempo que lamentavam abertamente a ausência de deputados republicanos, em especial de Afonso Costa.
  • A visita do presidente Loubet da França republicana, também foi um acto de propaganda indirecta, pela forma como decorreu a visita e pela forma aberta de se gritar pelas ruas "Viva a República... francesa".
  • Contudo a expansão do movimento republicano em termos de crescimento objectivo, no que hoje se poderia chamar de militantes, não correspondia a um aumento significativo de centros republicano, aparecimento de alguns mais também correspondia ao encerramento de outros. Faltava também uma personagem forte e abrangente que se pudesse elevar acima dum certo "clubismo" divergente. As personalidades de António José de Almeida ou Brito Camacho de indiscutível qualidade pessoal, não o eram esse líder catalizador.
  • Era fácil nesse tempo promover-se agitação nas ruas, mas a aglutinação partidária e sua correspondente organização partidária, eram coisas muito diferentes, também porque o exemplo das figuras mais importantes do republicanismo, com algumas excepções, não era o melhor. Demasiados compromissos e demasiada proximidade entre essa personagens e outras dos partidos monárquicos, não permitiam que a demarcação ideológica se fizesse pelo menos aos olhos da generalidade das pessoas, conduzindo à sua recusa organizativa.
  • A crescente obstrução parlamentar, levou a que José Luciano de Castro, conseguisse o encerramento das Cortes.