domingo, 6 de dezembro de 2009

O dirigente republicano Elias Garcia morre


Elias Garcia, político, jornalista, professor, coronel de engenharia e grão mestre da Maçonaria, desempenhou um papel fundamental na divulgação e luta pelos ideais liberais e republicanos, fundando e colaborando em diversos jornais republicanos como "O Trabalho", "O Jornal de Lisboa" e "Democracia Portuguesa" onde, pela primeira vez, foi publicado o primeiro programa republicano.

Presidente e vereador da Câmara Municipal de Lisboa, entre outros contributos importantes na área do ensino, instituiu o ensino da ginástica e de canto coral nas escolas e criou as bibliotecas populares.

Não menos importante foi o seu papel na maçonaria portuguesa, de que foi grão-mestre, tendo contribuído para a fusão das corporações maçónicas portuguesas e para a clarificação do seu papel na sociedade portuguesa.

José Elias Garcia morreu , com 60 anos de idade, pobre, tendo sacrificado todo o seu dinheiro em defesa dos seus ideais, quer ajudando o partido republicano, quer financiando o "Democracia Portuguesa", jornal por ele fundado e que muito acarinhou, tendo constituído um espaço privilegiado de divulgação dos ideais republicanos e democráticos

Acontecimentos no ano de 1891(IV)

* Abril,12-Manifesto dos exilados republicanos

com insultos ao rei, assinado por Sampaio Bruno, declaravam o rei antipático por mil motivos, era mau filho, por se terem visto sorrisos na cara quando do funeral do rei D.Luís seu pai. Faltou às exéquias preferindo matar veados na tapada da Ajuda. Incluíam também o seu casamento no insulto, pois tinha casado com a filha duma raça funesta e jesuíta e até o seu apelido Simão, era ridículo, para não falar no seu nome Carlos, igual ao dos últimos Stuarts.Desta salganhada panfletária, se alimentou durante décadas a intelectualidade Republicana

* Abril,14-Regulamentação do trabalho dos menores e das mulheres na Industria.

A regulamentação incide sobre as condições de emprego, a duração da jornada de trabalho, o repouso semanal e a higiene e segurança nos estabelecimentos industriais que empregavam trabalhadores menores

Acontecimentos no ano de 1891(III)

* Março,20-Parlamento aprova empréstimo público associado ao contrato de tabaco.

Empréstimo concedido ao Estado por financeiros portugueses,franceses e alemães em troca do monopólio do tabaco. Condição exigida por esses financeiros para concederem o empréstimo de 36.000 contos.

* Março,23-Augusto Fuschini líder da esquerdista Liga Liberal diz no parlamento-”só o Rei pode salvar a nação

.Aprovação de uma lei que garantia a jornada de trabalho de 8 horas e fixava uma tarifa de salários mínimos.

Acontecimento do ano de 1891(II)

* Janeiro, 5-José Elias Garcia é afastado do directório no congresso do Partido Republicano.

Membro fundador deste partido, esteve presente no jantar realizado no Hotel dos Embaixadores, em Lisboa, que marcou o início do Partido Republicano, representando a ala mais moderada, foi presidente desse partido entre 1883 e 1891. Não sendo naturalmente os tempos conturbados do Ultimato, favoráveis a posições mais moderadas
  • Janeiro, 10 - João de Azevedo Coutinho regressa de África,
sendo vitoriado em especial por estudantes radicais.Tratando-se dum militar, era importante para a causa oposicionista republicana, encontrar um caudilho militar que conduzisse uma viragem política. Nunca o conseguiram, porque duma maneira geral os "heróis africanos", sempre se mantiveram fiéis ao regime.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Acontecimentos no ano de 1890

  • Alfredo Keil compõe com letra de Henrique Lopes de Mendonça a Portuguesa
Escrita para um espectáculo teatral na sequência ou Ultimato e imediatamente popularizada como canto patriótico, viria a ser proibida depois da revolução de 31 de Janeiro de 1891.Foi proclamada Hino Nacional pela Assembleia Nacional Constituinte de 1911, em em 19 de Junho de 1911.

Em 1956, existiam no entanto várias versões do hino, não só na linha melódica, mas também nas instrumentações, especialmente para banda, pelo que o governo nomeou uma comissão encarregada de estudar uma versão oficial de A Portuguesa. Essa comissão elaborou uma proposta que seria aprovada em Conselho de Ministros a 16 de Julho de 1957, mantendo-se o hino inalterado deste então.

Contudo o hino Nacional que existia em 1908, era o Hymno da Carta", em alusão à Carta Constitucional outorgada em 1826 por D.Pedro IV e que foi o Hino Português entre Março de 1834 e Outubro de 1910, também de autoria de D.Pedro IV e cuja letra era a seguinte

A Pátria, A Rei, A Povo,
Ama a tua Religião
Observa e guarda sempre
Divinal Constituição

Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição

Ó com quanto desafogo
Na comum agitação
Dá vigor às almas todas
Divinal Constituição

Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição


Venturosos nós seremos
Em perfeita união
Tendo sempre em vista todos
Divinal Constituição

Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição


A verdade não se ofusca
O Rei não se engana, não,
Proclamemos Portugueses
Divinal Constituição

Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição






  • Setembro,25-Manifestação em Coimbra pela libertação de António José de Almeida

Em 23 de Março de 1890 António José de Almeida havia publicado no jornal académico "O Ultimatum", um artigo Bragança, o último, que produziu enorme eco no país,tendo sido o autor processado. Foi defendido pelo Doutor Manuel de Arriaga mas foi condenado a três meses de prisão o que espalhou o seu nome, por todo o País, quando até aí era apenas conhecido entre os condiscípulos.




terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O nascimento e baptismo do infante D.Manuel

Desde o princípio de Novembro que o Paço Real se encontrava de prevenção, devido à gravidez adiantada da rainha D.Amélia de Orleans. Chamara-se de Borba o dr.Ramos de Abreu, que assistira a rainha, quando ela estava em Vila Viçosa..

Pelas 6 horas da manhã do dia 15 de Novembro, foi anunciado o nascimento do jovem príncipe. De imediato foi baptizado sendo lhe dado o nome de Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Bragança Orléans Sabóia e Saxe-Coburgo Gotha.

A cerimónia foi presidida pelo cardeal-patriarca D.José Sebastião Neto e foi muito íntima, contando apenas com a família em respeito pelo luto da morte de seu avô D.Luís.

O baptizado solene so viria a realizar-se a 18 de Dezembro, no Palácio de Belém, já com a presença do avô materno e do Imperador do Brasil deposto D.Pedro II, que entretanto chegara a Lisboa alguns dias antes e a restante família e nobreza. Muito embora ainda o luto se mantivesse, o governo considerou o dia de grande gala, com tolerância de ponto e iluminações

A madrinha foi a sua avó paterna D.Maria Pia de Sabóia e o infante D.Afonso seu tio, em representação do avô materno o conde de Paris, que foi o padrinho.

Ao recém nascido foi-lhe atribuído o título de duque de Beja, em vez do título oficial de duque do Porto, que lhe não foi atribuído por estar ainda na posse do seu tio, o infante D.Afonso Henrique.

O governo de Luciano de Castro decretou 3 dias de iluminações e de festas e no dia seguinte realizou-se um solene Te Deum na igreja de São Domingos, com a presença de toda a corte.

O dia acabou emsombrado coma notícia da proclamação da república no Brasil e fim do Império brasileiro da família Bragança.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

As eleições legislativas de 1889

No dia seguinte à morte do rei D.Luís, decorreram eleições legislativas já marcadas

Os resultados como habitualmente, determinaram a vitória do governo, neste caso o Progressista que elegeu 104 deputados pelo continente e ilhas. Os Regeneradores com 38 deputados pelo continente e ilhas. A 8 deputados da Esquerda Dinástica pelo continente e ilhas. e os republicanos mantendo os 2 deputados pelo continente e ilhas.

Um por Lisboa e outro pelo Porto.

Um dos problemas principais, que "afligiam" a governação de José Luciana, era a chamada "questão inglesa", que datava pelo menos de há dez anos antes, quando Andrade Corvo, ministro do governo de Fontes Pereira de Melo que propôs fazer de Goa e de Lourenço Marques, portos de serviço do Império Britânico. Era uma forma de rentabilizar os portos decadentes, que reflectiam bem a penúria financeira do estado português, consolidava a aliança com os ingleses e garantiria a monarquia portuguesa.

A oposição Regeneradora recusou esta proposta acusando o governo e a coroa de estarem a enfeudar o país à Inglaterra.

Quando os Regeneradores foram poder entre 1879 e 1881, ambos esqueceram as posições que tinham assumido, uns assinando por baixo agora as propostas que haviam repudiado, os outros esqueceram Andrade Corvo, devolvendo as acusações de traição aos Regeneradores.

Mais tarde, quando por pressão europeia , diga-se Alemã e Francesa a Inglaterra, deixa de reconhecer os direitos de Portugal a o domínio teritorial da foz do Zaire, surge em Portugal o conceito político que se devia abandonar os acordos bilaterais coma Inglaterra e passar a orientar a política externa para a diversidade europeia.

Foram os Regeneradores que iniciaram esta viragem, mas com a concordância dos Progressistas na oposição, (caso raro,) justificado pela generalização da ideia do declínio inglês.

É de 1887 e do governo Progressista a ideia de se ter conseguido a emancipação completa da tutela inglesa, e o aparecimento dos primeiro mapas em que os território entre Angola e Moçambique apareciam pintados em cor de rosa,

Em resumo esta era no final do ano de 1889, o problema que se designava por questão inglesa, e que marcaria as preocupações do governo, que o facto de eleições recentes terem acentuado a sua maioria, não era relevante na altura, esse facto, mas sim o de como resolver a questão inglesa, agora de novo muito mais activa e muitíssimo incomodada, com a nova atitude política portuguesa.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Aviso sobre a continuidade do blogue

Com a publicação do post anterior, sobre o regicídio de D.Carlos I e do príncipe Luís Filipe, poderá pensar-se que terá chegado ao fim este blogue. o que não é verdade.

A estrutura do blogue permite que se introduzam novos textos e que os mesmos sejam enquadrados de acordo com a sua datação. Essa mesma estrutura é a que recomendo os leitores mais interessados, devem seguir.

A evolução dos acontecimentos políticos, seguirão como é natural no blogue criada para cobrir os dois anos do reinado de D.Manuel II, anterior à proclamação da Republica.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O regicídio



Na tarde do dia 1 de Fevereiro, o tempo estava magnífico. Por volta das 4 da tarde esperava-se a chegada da família real, vinda do Barreiro, junto à estação fluvial do Terreiro do Paço. Tratava-se do regresso de Vila Viçosa, na data prevista e que o rei não quis adiar, conforme lhe chegou a ser sugerido.

O combóio que trazia a família real para o Barreiro, chegou atrasado devido a um pequeno problema, mas o facto é que a chegada ao Terreiro do Paço, decorreu cerca de 1 hora depois do previsto.

O desembarque deu-se com a presença de João Franco, dos infantes D.Manuel e D.Afonso irmão do Rei e vários ministros.

A carruagem real, terá sido a primeira a arrancar da estação fluvial, dirigindo-se para o palácio das Necessidade, apenas precedida por dois batedores. A carruagem seguia vagarosamente, pelas arcadas do lado esquerdo da praça, quem a observe vista de costas para o Tejo.

Algumas pessoas na zona central da praça, assistiam à passagem da comitiva, que se dirigia para a rua do Arsenal.

Ao entrar nessa rua, ouviu-se um tiro e segundo o relato do infante D.Manuel. "um homem de barba preta, com um grande gibão", tirou uma carabina debaixo das abas da capa e avançou em direcção à carruagem começando a disparar, outro homem saiu debaixo das arcadas do Ministério da Fazenda, dependurou-se no estribo e disparou sobre o Rei , com um revólver.

D.Luís Filipe ainda resistiu mais algum tempo, de pé na carruagem de arma em punho e D.Amélia brandindo o ramo de flores que lhe tinham dado na estação Sul e Sueste. Até que o princípe real sucumbiu igualmente com um tito sangrando abundantemente da face esquerda.

O infante D.Manuel também ficou ferido no braço, mas seu pai o rei D.Carlos morreu, quando dos primeiros certeiros disparos. O príncipe Luis Filipe acabou por falecer, poucos minutos depois da carruagem real ter entrado no Arsenal da Marinha.

Os acontecimentos que seguiram, o tentativa de apuramento de responsáveis, bem como os actos subsequentes, serão tratados no âmbito do reinado seguinte do último rei de Portugal D.Manuel II

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A revolta de 28 de Janeiro(II)

A desconexão entre o plano revolucionário e a realidade, falhou porque estaria assente num único facto, a imobilização de João Franco, sendo esse sinal que desencadearia o resto da acção prevista, como isso não aconteceu, não houve revolução.

Alguns revolucionários dispersos a dar tiros para o ar e a gritar vivas à República, para além da prisão de Afonso Costa, de mais alguns na maioria anónimos e a fuga de José Alpoim, nada mais houve a registar


As consequências imediatas foram de gargalhada e no dia seguinte, quase toda a gente se divertia com a notícia do falhanço, exceptuando os presos e mais alguns implicados e paradoxalmente João Franco e o ministro das polícias Vasconcelos Porto, pela simples razão de terem prendido Afonso Costa, pelas implicações que poderia trazer junto das populações.

João Franco, disse que tinha prendido os cabecilhas da revolta, que iriam ser julgados pelos tribunis e postos na fronteira, uma clara alusão à deportação, mesmo que protegidos por eventuais imunidades parlamentares, que Franco havia entretanto mandado suspender.

Desde 6 de Janeiro , que a família real se encontrava em Vila Viçosa, dividido entre a caça, seu desporto favorito e o bridge. E à informação que recebia via telégrafo dos acontecimentos de 28 de Janeiro e os dos dias anteriores, terá reagido favoravelmente às sugestões de João Franco dizendo " cada vez temos mais necessidade de acabar com os agitadores. Aprovo resolução tomada", perante a proposta de Franco, em relação à extradição dos implicados no movimento conspiratorio.

No dia 31 de Janeiro, o ministro da justiça apresentou-se em Vila Viçosa, para D.Carlos assinar os decretos de expulsão dos implicados,.Conta-se que, ao assina-lo, o rei declarou: ”Assino a minha sentença de morte, mas os senhores assim o quiseram.

sábado, 17 de janeiro de 2009

A revolta de 28 de Janeiro (I)

A 28 de Janeiro de 1908, rebentou a revolta, mas a polícia facilmente deteve por suspeita, denúncia ou simples incúria, bem à portuguesa. Muita da novas hostes revolucionárias assentaram no renascimento da carbonária portuguesa, que havia sido fundada por Luz de Almeida, também os anarquistas como já disse fizeram parte do "plano organizativo", sob a chefia de Heliodoro Salgado e o próprio João Chagas, um jornalista chegou a dispor de um grupo de cerca de 300 homens.

A maçonaria, nessa altura chefia por Magalhães de Lima, também era uma força com alguma importância, mas a grande realidade é que não se podia falar em predomínio de menhuma destas organizações como força condutora da revolução.

Os meios eram rudimentares, porque o dinheiro também era escassos, velhas armas e bombas caseira, que iam deixando vítimas entre os próprios que as tentavam fabricar.

Como disse tudo porém se passava à portuguesa, e o que devia ter um cariz verdadeiramente secreto, toda a gente sabia, comentava-se nas ruas, sabia-se o nome dos chefes e até as senhas "secretas" eram conhecidas.

Porém perante isto as autoridades, também deixava passar, no fundo diziam eram os arruaceiros do costume, rapaziadas e coisas sem importância de maior, o habitual .

Os chefes partidários continuavam a prepara-se para as eleições gerais que em Dezembro de 1907, foram marcadas para Abril de 1908.

Em meados de Janeiro, o ridículo revolucionário atingiu o seu ponto máximo, quando um revolucionário ao tentar aliciar para as suas forças, um polícia que fazia guarda á porta de João Franco, para o impressionar, mostrou-lhe onde tinham as armas, contou-lhe quem eram os chefes, enfim tudo o que sabia.


Essa tentativa falhou, porque o polícia nõo se deixou envolver e em contra-partida no dia 23 de janeiro foi detido João Chagas, a 26 António José de Almeida, por acaso os principais nomes do movimento.

Afonso Costa que andava afastado, por um amuo qualquer, perante este panorama das prisões consegue agarrar as pontas do que seria possível organizar, e em 2 dias pôs a revolução na rua.

O plano final de Afonso Costa, era imobilizar João Franco, manietar os dois cruzadores de guerra fundeados ao largo do Tejo e tomar conta dos quartéis militares, enquanto os lideres se dirigiriam para a Câmara Municipal, proclamar a República depondo o rei D.Carlos.

Talvez fosse esse o plano, só que nada correu como se esperava, afinal o ponto de arranque do projecto revolucionário,que passava pela imobilização de Franco, seria o ponto de partida, porém como nunca chegaram a conseguir neutraliza-lo o plano falhou.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Os últimos tempos do reinado(II)

Sabe-se que os últimos anos do reinado, começaram a ser planeados a partir dum encontro entre João Chagas um famoso jornalista Republicano e o um dos chefes dos Dissidentes o visconde da Ribeira Brava, num coreto na Av.da Liberdade, na noite de 10 de Junho de 1907, que depressa estendeu a rede a outras personagens influentes, como Afonso Costa, Alexandre Braga, França Borges, oficiais do exército alguns outros Dissidentes como José Alpoim e Egas Moniz (o futuro prémio Nobel). também Regeneradores como António Maria da Silva.

Havia muita gente envolvida, embora nem todos especialmente os Dissidentes, quisessem envolver-se em atitudes violentas, mas se encarregaram de arranjar dinheiro e armas, enquanto os outros se comprometiam a arranjar pessoas.

Formaram-se então dois comités o "civil" fazia parte António José de Almeida,Afonso Costa e João Chagas e do "militar", Cândido dos Reis,Freitas Branco,Carlos da Maia, entre outro, envolvendo-se militares de todos os ramos das forças armadas.

Com seria normal, nem todos as pessoas subscreviam o mesmo programa de acção, uns mais radicais pugnavam, por apertar os gorgomilhos ao Rei, para outros menos extremistas, não se chegaria a tanto, mas apenas forçar o Rei a assumir um papel que no mínimo, passaria pelo exclusão de João Franco e o restabelecimento da democracia.

De qualquer forma uns e outros, debatiam-se, com a questão mais importante, como defrontar as forças armadas ?, sem as quais havia a noção que nada poderia ser levado a cabo.

O passo seguinte, foi o de tentar aliciar militares para o movimento, o que foram progressivamente conseguindo a partir o momento em que começaram a arregimentar praças e marinheiros, em vez de oficiais.

O número foi-se alargando, mas ao mesmo tempo ganhava força a ideia mais radical do movimento e começa a avolumar-se a ideia que seria forçoso alguém morrer, para que houvesse a revolução que se pretendia.

Estava evidenciado, que quanto mais "popular" o projecto se desenhava, maior o seu radicalismo crescia, aí está, o reflexo do que no post anterior quis dizer, quanto ao facto do desprezo com que D.Carlos encarava os anarquistas, só se justificou enquanto, por detrás não surgisse um mínimo de capacidade organizativa em número de pessoas e em qualidade.


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Os últimos tempos do reinado(I)

O certo é que embora o governo governasse em ditadura, e a imprensa não funcionasse em perfeita liberdade, a verdade é que nos finais de 1907, não havia presos por delito de opinião. Muito embora a imprensa republicana ou progressista, arrancassem grandes parangonas nos seus jornais, contra o governo de João Franco, o máximo que lhes podia acontecer, era verem as suas publicações suspensa por 30 dias, embora podendo socorrer-se de habilidades muito simples, como por exemplo o Diário Popular, durante o período de suspensão, publicar-se sob o título simples de O Popular.

Os insultos eram variados e abrangiam todos os Ministro, muito embora o mais focado fosse sem dúvida João Franco, chegando o Mundo, diário republicano a afirmar que segundo opinião médica a forma da cabeça de João Franco, demonstrava que ele não passava "dum caso de loucura epiléptica, ou mais exactamente como "um doido protegido por um bandido e servo desse bandido".

Com a morte de Hintze Ribeiro, em 1 de Agosto de 1907, abriu-se a luta pela sucessão entre Júlio de Vilhena e Teixeira de Sousa, pela liderança do Partido Regenerador, que o primeiro levou a melhor e que logo no início, provavelmente para ganhar pontos rapidamente, disse.

isto que estamos presenciando não pode continuar. Isto termina fatalmente por um crime ou por uma revolução. O crime, que deus afaste, será para nós um dia de luto. A revolução essa não a promovemos, porque somos um partido de ordem, mas para bem da Pátria e da monarquia, não a deixaremos passar por cima de nós.

Talvez possa ser hoje referido, porque conhecemos os factos, que este discurso foi premonitório e que Júlio de Vilhena, estava certo nas sus afirmações, mas na época, por certo não deixou de ser claramente interpretado, como um convite a uma acção violenta, contra o Rei, embora com punhos de renda.

Por outro lado a actividade revolucionária conspirativa, continuava a ensaiar a concretização das suas aspirações, quer planeando acções políticas de esclarecimento popular, quer ensaiando a utilização de bombas, para concretização de ataques de surpresa. A aprendizagem sairia cara e teria os seus custos em vidas humanas, Por duas vezes, uma no bairro da Estrela,quando três indivíduos haviam ficado feridos, pela manipulação indevida desses artefactos, outra vez num andar da Rua do Carrião e pelos mesmos motivos, embora desta vez com duas mortes a assinalar, um sobrevivente foi preso, chamava-se Aquilino Ribeiro.

O Rei chamava-lhes anarquistas e desprezava as suas capacidades, que realmente, não eram muito significativas em Portugal, muito embora, noutros países, fizessem bastantes estragos. Por cá meio pequeno, toda a gente os conhecia, e tidos na conta c de meros fala barato.

Ver-se-á que desta feita, assim não será, porque afinal outras organizações e outro tipo de pessoas se perfilavam na retaguarda dessa contestação, que dariam outras possibilidades de acção aos anarquistas, mais do que era habitual.