sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Aviso sobre a continuidade do blogue

Com a publicação do post anterior, sobre o regicídio de D.Carlos I e do príncipe Luís Filipe, poderá pensar-se que terá chegado ao fim este blogue. o que não é verdade.

A estrutura do blogue permite que se introduzam novos textos e que os mesmos sejam enquadrados de acordo com a sua datação. Essa mesma estrutura é a que recomendo os leitores mais interessados, devem seguir.

A evolução dos acontecimentos políticos, seguirão como é natural no blogue criada para cobrir os dois anos do reinado de D.Manuel II, anterior à proclamação da Republica.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O regicídio



Na tarde do dia 1 de Fevereiro, o tempo estava magnífico. Por volta das 4 da tarde esperava-se a chegada da família real, vinda do Barreiro, junto à estação fluvial do Terreiro do Paço. Tratava-se do regresso de Vila Viçosa, na data prevista e que o rei não quis adiar, conforme lhe chegou a ser sugerido.

O combóio que trazia a família real para o Barreiro, chegou atrasado devido a um pequeno problema, mas o facto é que a chegada ao Terreiro do Paço, decorreu cerca de 1 hora depois do previsto.

O desembarque deu-se com a presença de João Franco, dos infantes D.Manuel e D.Afonso irmão do Rei e vários ministros.

A carruagem real, terá sido a primeira a arrancar da estação fluvial, dirigindo-se para o palácio das Necessidade, apenas precedida por dois batedores. A carruagem seguia vagarosamente, pelas arcadas do lado esquerdo da praça, quem a observe vista de costas para o Tejo.

Algumas pessoas na zona central da praça, assistiam à passagem da comitiva, que se dirigia para a rua do Arsenal.

Ao entrar nessa rua, ouviu-se um tiro e segundo o relato do infante D.Manuel. "um homem de barba preta, com um grande gibão", tirou uma carabina debaixo das abas da capa e avançou em direcção à carruagem começando a disparar, outro homem saiu debaixo das arcadas do Ministério da Fazenda, dependurou-se no estribo e disparou sobre o Rei , com um revólver.

D.Luís Filipe ainda resistiu mais algum tempo, de pé na carruagem de arma em punho e D.Amélia brandindo o ramo de flores que lhe tinham dado na estação Sul e Sueste. Até que o princípe real sucumbiu igualmente com um tito sangrando abundantemente da face esquerda.

O infante D.Manuel também ficou ferido no braço, mas seu pai o rei D.Carlos morreu, quando dos primeiros certeiros disparos. O príncipe Luis Filipe acabou por falecer, poucos minutos depois da carruagem real ter entrado no Arsenal da Marinha.

Os acontecimentos que seguiram, o tentativa de apuramento de responsáveis, bem como os actos subsequentes, serão tratados no âmbito do reinado seguinte do último rei de Portugal D.Manuel II

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A revolta de 28 de Janeiro(II)

A desconexão entre o plano revolucionário e a realidade, falhou porque estaria assente num único facto, a imobilização de João Franco, sendo esse sinal que desencadearia o resto da acção prevista, como isso não aconteceu, não houve revolução.

Alguns revolucionários dispersos a dar tiros para o ar e a gritar vivas à República, para além da prisão de Afonso Costa, de mais alguns na maioria anónimos e a fuga de José Alpoim, nada mais houve a registar


As consequências imediatas foram de gargalhada e no dia seguinte, quase toda a gente se divertia com a notícia do falhanço, exceptuando os presos e mais alguns implicados e paradoxalmente João Franco e o ministro das polícias Vasconcelos Porto, pela simples razão de terem prendido Afonso Costa, pelas implicações que poderia trazer junto das populações.

João Franco, disse que tinha prendido os cabecilhas da revolta, que iriam ser julgados pelos tribunis e postos na fronteira, uma clara alusão à deportação, mesmo que protegidos por eventuais imunidades parlamentares, que Franco havia entretanto mandado suspender.

Desde 6 de Janeiro , que a família real se encontrava em Vila Viçosa, dividido entre a caça, seu desporto favorito e o bridge. E à informação que recebia via telégrafo dos acontecimentos de 28 de Janeiro e os dos dias anteriores, terá reagido favoravelmente às sugestões de João Franco dizendo " cada vez temos mais necessidade de acabar com os agitadores. Aprovo resolução tomada", perante a proposta de Franco, em relação à extradição dos implicados no movimento conspiratorio.

No dia 31 de Janeiro, o ministro da justiça apresentou-se em Vila Viçosa, para D.Carlos assinar os decretos de expulsão dos implicados,.Conta-se que, ao assina-lo, o rei declarou: ”Assino a minha sentença de morte, mas os senhores assim o quiseram.

sábado, 17 de janeiro de 2009

A revolta de 28 de Janeiro (I)

A 28 de Janeiro de 1908, rebentou a revolta, mas a polícia facilmente deteve por suspeita, denúncia ou simples incúria, bem à portuguesa. Muita da novas hostes revolucionárias assentaram no renascimento da carbonária portuguesa, que havia sido fundada por Luz de Almeida, também os anarquistas como já disse fizeram parte do "plano organizativo", sob a chefia de Heliodoro Salgado e o próprio João Chagas, um jornalista chegou a dispor de um grupo de cerca de 300 homens.

A maçonaria, nessa altura chefia por Magalhães de Lima, também era uma força com alguma importância, mas a grande realidade é que não se podia falar em predomínio de menhuma destas organizações como força condutora da revolução.

Os meios eram rudimentares, porque o dinheiro também era escassos, velhas armas e bombas caseira, que iam deixando vítimas entre os próprios que as tentavam fabricar.

Como disse tudo porém se passava à portuguesa, e o que devia ter um cariz verdadeiramente secreto, toda a gente sabia, comentava-se nas ruas, sabia-se o nome dos chefes e até as senhas "secretas" eram conhecidas.

Porém perante isto as autoridades, também deixava passar, no fundo diziam eram os arruaceiros do costume, rapaziadas e coisas sem importância de maior, o habitual .

Os chefes partidários continuavam a prepara-se para as eleições gerais que em Dezembro de 1907, foram marcadas para Abril de 1908.

Em meados de Janeiro, o ridículo revolucionário atingiu o seu ponto máximo, quando um revolucionário ao tentar aliciar para as suas forças, um polícia que fazia guarda á porta de João Franco, para o impressionar, mostrou-lhe onde tinham as armas, contou-lhe quem eram os chefes, enfim tudo o que sabia.


Essa tentativa falhou, porque o polícia nõo se deixou envolver e em contra-partida no dia 23 de janeiro foi detido João Chagas, a 26 António José de Almeida, por acaso os principais nomes do movimento.

Afonso Costa que andava afastado, por um amuo qualquer, perante este panorama das prisões consegue agarrar as pontas do que seria possível organizar, e em 2 dias pôs a revolução na rua.

O plano final de Afonso Costa, era imobilizar João Franco, manietar os dois cruzadores de guerra fundeados ao largo do Tejo e tomar conta dos quartéis militares, enquanto os lideres se dirigiriam para a Câmara Municipal, proclamar a República depondo o rei D.Carlos.

Talvez fosse esse o plano, só que nada correu como se esperava, afinal o ponto de arranque do projecto revolucionário,que passava pela imobilização de Franco, seria o ponto de partida, porém como nunca chegaram a conseguir neutraliza-lo o plano falhou.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Os últimos tempos do reinado(II)

Sabe-se que os últimos anos do reinado, começaram a ser planeados a partir dum encontro entre João Chagas um famoso jornalista Republicano e o um dos chefes dos Dissidentes o visconde da Ribeira Brava, num coreto na Av.da Liberdade, na noite de 10 de Junho de 1907, que depressa estendeu a rede a outras personagens influentes, como Afonso Costa, Alexandre Braga, França Borges, oficiais do exército alguns outros Dissidentes como José Alpoim e Egas Moniz (o futuro prémio Nobel). também Regeneradores como António Maria da Silva.

Havia muita gente envolvida, embora nem todos especialmente os Dissidentes, quisessem envolver-se em atitudes violentas, mas se encarregaram de arranjar dinheiro e armas, enquanto os outros se comprometiam a arranjar pessoas.

Formaram-se então dois comités o "civil" fazia parte António José de Almeida,Afonso Costa e João Chagas e do "militar", Cândido dos Reis,Freitas Branco,Carlos da Maia, entre outro, envolvendo-se militares de todos os ramos das forças armadas.

Com seria normal, nem todos as pessoas subscreviam o mesmo programa de acção, uns mais radicais pugnavam, por apertar os gorgomilhos ao Rei, para outros menos extremistas, não se chegaria a tanto, mas apenas forçar o Rei a assumir um papel que no mínimo, passaria pelo exclusão de João Franco e o restabelecimento da democracia.

De qualquer forma uns e outros, debatiam-se, com a questão mais importante, como defrontar as forças armadas ?, sem as quais havia a noção que nada poderia ser levado a cabo.

O passo seguinte, foi o de tentar aliciar militares para o movimento, o que foram progressivamente conseguindo a partir o momento em que começaram a arregimentar praças e marinheiros, em vez de oficiais.

O número foi-se alargando, mas ao mesmo tempo ganhava força a ideia mais radical do movimento e começa a avolumar-se a ideia que seria forçoso alguém morrer, para que houvesse a revolução que se pretendia.

Estava evidenciado, que quanto mais "popular" o projecto se desenhava, maior o seu radicalismo crescia, aí está, o reflexo do que no post anterior quis dizer, quanto ao facto do desprezo com que D.Carlos encarava os anarquistas, só se justificou enquanto, por detrás não surgisse um mínimo de capacidade organizativa em número de pessoas e em qualidade.


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Os últimos tempos do reinado(I)

O certo é que embora o governo governasse em ditadura, e a imprensa não funcionasse em perfeita liberdade, a verdade é que nos finais de 1907, não havia presos por delito de opinião. Muito embora a imprensa republicana ou progressista, arrancassem grandes parangonas nos seus jornais, contra o governo de João Franco, o máximo que lhes podia acontecer, era verem as suas publicações suspensa por 30 dias, embora podendo socorrer-se de habilidades muito simples, como por exemplo o Diário Popular, durante o período de suspensão, publicar-se sob o título simples de O Popular.

Os insultos eram variados e abrangiam todos os Ministro, muito embora o mais focado fosse sem dúvida João Franco, chegando o Mundo, diário republicano a afirmar que segundo opinião médica a forma da cabeça de João Franco, demonstrava que ele não passava "dum caso de loucura epiléptica, ou mais exactamente como "um doido protegido por um bandido e servo desse bandido".

Com a morte de Hintze Ribeiro, em 1 de Agosto de 1907, abriu-se a luta pela sucessão entre Júlio de Vilhena e Teixeira de Sousa, pela liderança do Partido Regenerador, que o primeiro levou a melhor e que logo no início, provavelmente para ganhar pontos rapidamente, disse.

isto que estamos presenciando não pode continuar. Isto termina fatalmente por um crime ou por uma revolução. O crime, que deus afaste, será para nós um dia de luto. A revolução essa não a promovemos, porque somos um partido de ordem, mas para bem da Pátria e da monarquia, não a deixaremos passar por cima de nós.

Talvez possa ser hoje referido, porque conhecemos os factos, que este discurso foi premonitório e que Júlio de Vilhena, estava certo nas sus afirmações, mas na época, por certo não deixou de ser claramente interpretado, como um convite a uma acção violenta, contra o Rei, embora com punhos de renda.

Por outro lado a actividade revolucionária conspirativa, continuava a ensaiar a concretização das suas aspirações, quer planeando acções políticas de esclarecimento popular, quer ensaiando a utilização de bombas, para concretização de ataques de surpresa. A aprendizagem sairia cara e teria os seus custos em vidas humanas, Por duas vezes, uma no bairro da Estrela,quando três indivíduos haviam ficado feridos, pela manipulação indevida desses artefactos, outra vez num andar da Rua do Carrião e pelos mesmos motivos, embora desta vez com duas mortes a assinalar, um sobrevivente foi preso, chamava-se Aquilino Ribeiro.

O Rei chamava-lhes anarquistas e desprezava as suas capacidades, que realmente, não eram muito significativas em Portugal, muito embora, noutros países, fizessem bastantes estragos. Por cá meio pequeno, toda a gente os conhecia, e tidos na conta c de meros fala barato.

Ver-se-á que desta feita, assim não será, porque afinal outras organizações e outro tipo de pessoas se perfilavam na retaguarda dessa contestação, que dariam outras possibilidades de acção aos anarquistas, mais do que era habitual.