terça-feira, 22 de maio de 2007

A revolta de 31 de Janeiro de 1891 no Porto


(proclamação do novo regime feita a partir da varanda da Câmara Municipal do Porto)

No dia 31 de Janeiro de 1891, pelas duas horas da madrugada, vários regimentos de cavalaria, infantaria, caçadores e guarda fiscal convergiram no Campo de Santo Ovídio. Ao mesmo tempo, no quartel de infantaria 18, na actual Praça da República, duas companhias arrombaram as portas do aquartelamento e juntaram-se aos revoltosos.

Assim começou a primeira tentativa de implantação da República.

Alguns dias depois do programa do Partido Republicano ter sido aprovado num congresso iniciado a 5 do mesmo mês, que decorreu igualmente na cidade do Porto.
Esse programa havia sido elaborado por Bernardino Pinheiro,Azevedo e Silva,Francisco Homem Cristo, Jacinto Nunes,Manuel de Arriaga e Teófilo Braga.

Programa que propunha dois aspectos fundamentais a organização dos poderes do Estado e a fixação das garantias individuais, reforçando as vertentes nacionalista e interclassista do partido e o reforço da vertente cultural fundamental na consumação do ideal republicano.

Neste congresso havia sido apeado do poder José Elias Garcia, passando a chefia do partido para Manuel Arriaga e para o tenente Homem Cristo, considerando-se a vitória duma linha "revolucionária" contra a corrente "evolucionista".

O Historiador Rui Ramos, considera que o "animador" deste golpe foi mesmo Elias Garcia,que por ter sido destituído do poder,para os embaraçar animou esta conspiração, dirigida pelo maçon Alves da Veiga e por um jornalista de nome Santos Cardoso, mas mantendo o novo directório do Partido Republicano à margem da conspiração.

Segundo o historiador Joel Serrão o golpe, “foi efectivada por sargentos e cabos e enquadrada e apoiada pelo povo anónimo das ruas e foi hostilizada ou minimizada pelos oficiais, pela alta burguesia e até pela maior parte da inteligência portuguesa."

O golpe, correu mal, tropas e povo foram escorraçados num banho de sangue Rua de Santo António (hoje chamada 31 de Janeiro)abaixo pela guarda municipal instalada nas escadarias dos balaústres da igreja de Santo Ildefonso.

A República tinha durado uma manhã, proclamada por Alves da Veiga na varanda da Câmara.

Cerca de 1000 soldados arrastados para a luta pelos sargentos, sem comando previa e organizadamente definido (um general reformado, “apalavrado” nunca apareceu), acabaram por ser comandados por um capitão (Leitão), ajudado por um tenente(Coelho) e um alferes (Malheiro) que segundo José Augusto Seabra “iam às ordens dos chefes civis empolgados mas pouco preparados para o combate às armas”.

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