quinta-feira, 15 de março de 2007

O casamento-A escolha da Raínha

(D.Amélia de Orleães)

Não foi fácil arranjar casamento para o infante D.Carlos, muito por causa das diferenças religiosas, com os países cuja religião não era católica, nomeadamente os do norte da Europa, já que as exigências de D. Luís em relação ao casamento do seu herdeiro eram demasiado rigorosas.

Foi fundamentalmente pelo facto da coroa portuguesa ter exigido que uma das primeiras escolhas, uma filha de Frederico Guilherme príncipe imperial da Alemanha, se convertesse ao catolicismo antes do casamento, que esse casamento fracassou.

Bismark o chanceler alemão havia até sugerido uma pequena habilidade para contornar essa dificuldade, que consistia na autorização pela parte de D.Luís que a princesa se convertesse apenas depois do casamento, quando já fosse princesa portuguesas, portanto já isentada dos seus deveres enquanto princesa alemã face ao protestantismo.

Tratava-se afinal de uma neta da Rainha Vitória de Inglaterra o que deveria traduzir-se num casamento de grande interesse político para Portugal, uma
Rainha, neta da rainha da maior potência marítima do Mundo e filha do príncipe alemão a mais forte nação continental.

Após o fracasso quanto ao desbloqueio desta hipótese, foi então recomendado o nome da filha mais velha do Conde de Paris, D.Marie Amélie Louise Hélène d Orléans.

Seu pai havia sido o neto em quem Luís Filipe "Rei dos franceses" tentara sem sucesso abdicar em 1848, e que lhe valera afinal o exílio em Inglaterra, por decreto republicano e onde viria afinal a nascer em 28 de Setembro de 1865, na vila de Twickenham, a sua filha Amélia.

Em 1886 porém já haviam regressado a França, quando D.Carlos visitou a sua potencial noiva em Chatilly.

Pode dizer-se que a correspondência que D.Carlos trocou com o rei D.Luís, foi reveladora do entusiasmo que desde a primeiro instante, lhe provocou Amélia "não acredito que haja no Mundo, criatura mais adorável que a princesa, um verdadeiro encanto"dizia ele.

Talvez a sua altura (1,82 mt) e o seu porte atlético a fizesse destacar em termos físicos, mas por outro lado é possível que a sua qualidade intelectual, se aproximasse bastante dos interesses de D.Carlos, cuja preparação cultural e gosto pelas artes sempre se haviam patenteado desde criança.

Amélia de Orleães gostava igualmente de ópera e de teatro, pintava e lia muito, sendo portanto difícil por certo encontrar "partido" mais interessante para D.Carlos

1 comentário:

Nuno Castelo-Branco disse...

Uma colossal figura de mulher e soberana, sem igual na nossa história. Sem o regicídio e com a reorganização do sistema monárquico-constitucional, onde teria chegado Portugal? D. Amélia era uma figura avançada para o seu tempo e muito lhe devemos. A sua memória foi amplamente reabilitada e é figura cimeira da nossa história.