domingo, 4 de novembro de 2007

Morte de Rosa Araújo-Um Político como já não há(1893)


Filho dum rico comerciante, desde novo se interessou pela política veementemente discutida na confeitaria de seu pai, na rua de S. Nicolau, (nos actuais números 44 e 48) em Lisboa, levando-o a participar na revolução da Maria da Fonte em 1846 e a sócio do Clube dos Camilos.

Grande militante do associativismo, era membro de várias entidades que mais serviços prestavam aos mais desfavorecidos.


A Confeitaria conhecida pela Confeitaria Cocó, vêm do tempo do seu avô, pelo facto dele chamar da porta da sua loja os rapazes que por ali passavam para lhes dar um rebuçado, um cocó, como ele dizia.


Mais tarde este apodo passou a nomear a gloriosa especialidade da casa – os célebres pastéis de ovos finíssimo e gostosíssimo folhado, obra-prima da doçaria nacional.


Foi vereador da câmara de Lisboa, depois seu Presidente, estando associado à reformulação da Avenida da Liberdade, que tinha outra configuração arquitectónica do tempo do Passeio Público pombalino.

Um dia, em 24 de Julho de 1879, inauguraram-se as obras do grande empreendimento com a demolição do Teatro Variedades e da velha Praça do Salitre. Vinte e dois contos, (…) foi a quantia que a Câmara despendeu com a expropriação daqueles dois edifícios e foi também a quantia que ela ficou a dever, na ocasião, ao presidente da sua vereação. Depois procedeu-se à demolição dos prédios da rua do Salitre, rua que chegava até à das Pretas, e em seguida à dos que existiam na praça da Alegria de Baixo.


Rosa Araújo, tinha uma grande fortuna herdada de seu pai, não só através da referida confeitaria, como também duma casa bancária que estabelecera na rua do Arco Bandeira em Lisboa, porém a sua extrema bondade fazia com que a sua bolsa estivesse sempre aberta aos que dela necessitavam. de tal forma que a fortuna chegou a estar muito comprometida, levando-o quase à pobreza.


Imagine o funeral deste homem, falecido em 26 de Janeiro de 1893, com apenas 52 anos. O primeiro enterro que teve licença de passar pelo centro da Avenida da Liberdade foi o do próprio José Gregório da Rosa Araújo.


A confeitaria lá continuou a fazer o seu negócio, a vender os seus afamados folhados com doce de ovos, os seus inimitáveis cocós, primeiro sob a administração do Tribunal do Comércio, depois, e por longos anos, como propriedade de Isidro Mendes da Silva, antigo empregado da casa, que em certa altura a trespassou a Tomaz Ferreira de Lima a quem sucedeu sua viúva que teve como associado na gerência da casa o Sr. Baptista Pinto.

Em 1938 fechou as suas portas; contava 105 anos de idade.
Hoje está lá um bar e para vergonha desta cidade onde entre os seus defeitos ou as suas qualidades ainda avulta a inconsciência, os seus proprietários adoptaram para título comercial os apelidos do antigo presidente da Câmara Municipal! Bar Rosa Araújo! Como isto por não nos poder indignar, nos confrange.

( publicado do blog da Junta de Freguesia de São José)

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