domingo, 23 de setembro de 2007

Luz de Almeida e a Carbonária Portuguesa

(Bandeira da Carbonária-o fogo, o carvão e o céu)

Luz de Almeida, nascido em Alenquer, era filho dum regente escolar e aos 6 anos veio para Lisboa acabando por se formar em Letras com distinção, sendo colocado depois disso na Biblioteca Municipal como bibliotecário-arquivista.

Republicano desde estudante, acaba por se filiar na Maçonaria Académica, que acaba por vir a chefiar, numa altura em que era ainda estudante de Letras.

Desde essa altura em que foi eleito presidente da Maçonaria Académica e mais tarde da Carbonária Portuguesa, será o chefe máximo dessa poderosa associação secreta que se estimou contar em 1910 com cerca de 40.000 membros.


O que não se esperaria olhando a figura discreta e tímida deste bibliotecário.

Foi desta Maçonaria Académica e da Maçonaria Florestal, por recorrência de origens italianas e que ali se propagou desde 1800, viria a nascer a Carbonária Portuguesa.

Transitaria portanto Luz de Almeida da presidência da Maçonaria Académica para a presidência da Carbonária Portuguesa.

Luz de Almeida um bibliotecário, emerge como Grão-Mestre desta Carbonária Portuguesa, António Maria da Silva, representante da Venda Jovem Portugal (corpo legislativo) e Machado Santos, representante da Alta Venda (poder executivo), foram as principais figuras desse movimento no seu princípio.

Mas o movimento Carbonário em Portugal, também tem o seu lado obscuro e controverso.

Teve alguma actividade durante a primeira metade do século 19, mas entrou em declínio, até ao Ultimatum de 1890.

Renasceu depois disso, dando-se conta dum movimento minimamente organizado que aconteceu em Coimbra em 1895 no rescaldo da revolta do Porto em 1891, por iniciativa do médico Afonso de Lemos.


Outros apontam Agosto de 1896 como data refundadora para o movimento carbonário, pela mão de José Nunes um jornalista maçon e de Heliodoro Salgado dando origem a uma Liga Progresso e Liberdade, mãe da Carbonária Portuguesa.


Esta é a versão apresentada por José Nunes, explicando que depois, por iniciativa de Heliodoro Salgado, que decide autonomizar os grupos conspirativos que entretanto tinham surgido, que surge um desses grupos chamado Carbonária Lusitana, segundo ele a Carbonária "que fez a revolução".

Isso mesmo ,para que a confusão se não instale, falei de 2 carbonárias a Lusitana e a Portuguesa , ainda não falei em união.

Acontece que a Lusitana assumia um carácter mais revolucionário constituída maioritariamente por operários anarquistas, daí o ser conhecida como a Carbonária dos Anarquistas, ao passo que a Portuguesa
seguia uma linha mais reformista.

Curiosamente, sendo um dos movimentos que mais contribuiu para a queda da Monarquia, no dia 5 de Outubro de 1910, data da revolução que viria a assinalar a implantação da Republica em Portugal, não teve a participação de Luz de Almeida que se encontrava nessa altura exilado em França.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ideia geral sobre o governo de Luciano de Castro

(Augusto José da Cunha)

Muito embora viessem a ter uma larga maioria nas eleições de 2 de Maio de 1897, desta feita José Luciano de Castro e o Partido Progressista já não sentia necessidade de eleger deputados republicanos, com ou sem União Liberal como tinha acontecido nas eleições de 1890 e de 1894.

Da anterior governação, o governo manteve a rédea curta com o célebre juiz Veiga à frente da Instrução Criminal que mandava apreender ou fechar jornais por "ofensas às instituições", ou a lei que continuava em vigor que permitia deportar quem fizesse propaganda anarquista.

A anterior luta enquanto oposição contra qualquer condicionamento ao direito à opinião, transformava agora os Progressistas em arautos doutra mensagem "a liberdade não manda consentir os insultos dos que injuriam o poder".

Havia contudo algo que preocupava José Luciano, os documentos da cumplicidade antiga com o que, ao que parece, os jornalistas republicanos faziam chantagem com o governo, por forma a limitar a sua acção no que aquele partido dizia respeito.

Continuavam os republicanos, enquanto partido, a não ter força suficiente para assustar quer a coroa, quer o governo, pois continuava presente a ideia que aquele partido, não passava duns jornalistas de Lisboa e Porto, com influência apenas nessa urbes.

O rei era aconselhado a manter os Progressistas, mais tempo no poder, para que uma breve passagem não se traduzisse numa eventual migração de simpatizantes rurais insatisfeitos, para as fileiras republicanas na província.

Neste período destaca-se a figura de Augusto José da Cunha, figura central nesta teia de compromissos que envolvia a coroa também.

Cunha havia sido professor do rei D.Carlos. Luciano de Castro nomeou-o em 1899 director do Banco de Portugal, após ter saído de Ministro das Obras Públicas, cargo para que tinha sido nomeado no início do governo em 7 de Fevereiro de 1897.

Viria a descobrir-se, anos mais tarde que, para além de ter arranjado fundos para o Partido Republicano fazer uma revolução, fora um dos Ministros da Fazenda na sua primeira passagem por outro governo de Luciano de Castro, que mais dinheiro adiantara a D.Carlos.


Augusto José da Cunha viria a aderir ao Partido Republicano em 1907