sábado, 20 de fevereiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1896 (2ªParte)

  • Maio,05-Entrada em vigor do Código de Processo Comercial.
Desde a entrada em vigor do Código Comercial de 1887 por iniciativa de Veiga Beirão, que se sentia a necessidade de um instrumento que facilitasse a sua execução, ao mesmo tempo que se reunia legislação avulsa e dispersa que entretanto fora aparecendo.
  • Agosto, 26-Primeiro espectáculo de cinema no Teatro do Príncipe Real no Porto
No Teatro do Príncipe Real (Porto), é apresentado à Imprensa o ANIMATOGRAPHO PORTUGUEZ PINTO MOREIRA; sessões públicas a partir do dia seguinte, com doze quadros, “todos de completa novidade e alguns de esplêndido efeito” (“Jornal de Notícias”).
  • Setembro-Colapso do câmbio da moeda portuguesa gera grave crise nas finanças.
Queda violenta da moeda portuguesa acompanhando o movimento similar da moeda brasileira. Para o governo que precisava todos os anos de 1 600 000 libras para o pagamento de obrigações no estrangeiro, esta desvalorização significou o agravamento devastador do défice orçamental.

D.Carlos foi rigoroso com o governo fazendo depender a sobrevivência do governo da resolução desta crise, que naturalmente só se conseguia esbater com uma operação financeira de longo alcance, ou seja com um novo empréstimo. Hintze Ribeiro que acumulava a chefia do governo com a pasta da Fezenda, era o principal alvo, tanto para o seu principal rival João Franco como para o próprio rei que estava farto de ambos.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1895 (2ªParte)


Notável jurisconsulto, ministro de Estado, bacharel formado em Leis pela Universidade de Coimbra, reitor da mesma Universidade, juiz da Relação do Porto, deputado, par do reino, juiz aposentado do Supremo Tribunal de Justiça,

  • Fevereiro,09-Novo contrato com o Banco de Portugal alivia a situação financeira do governo.
  • Março,02-Sexto Congresso do Partido Republicano, em Lisboa. A polícia impede a reunião, mas, no dia seguinte, em ajuntamento secreto, é eleito novo directório: Eduardo de Abreu, Jacinto Nunes, Magalhães Lima e Gomes da Silva.
  • Março,28-Dissolução da Câmara dos Deputados, encerrada desde 28 de Novembro de 1894.Nova lei eleitoral, abolindo círculos uninominais, extinguindo o direito de voto por simples chefia de família,o que afasta os eleitores mais pobres, prejudicando em princípio sobretudo os republicanos.
  • Abril,08-Morte de Manuel Pinheiro Chagas.
Nasceu em Lisboa. Frequentou o Colégio Militar, a Escola do Exército e a Escola Politécnica. As suas obras tiverem êxito imediato, êxito este que não se repercutiu após a morte do autor, sendo praticamente esquecido. Para isso muito contribuíram as polémicas entre ele e Eça de Queirós.
Foi o prefácio de Castilho á obra de poesia juvenil, apropriadamente intitulada Poema da Mocidade, que levou à eclosão da Questão Coimbrã, polémica onde o grupo de Pinheiro Chagas, Júlio de Castilho, Brito Aranha, Camilo Castelo Branco e Ramalho Ortigão enfrentou Teófilo Braga e Antero de Quental, num epifenómeno literário das tensões entre conservadorismo e reformismo que atravessavam a sociedade portuguesa de então.
  • Maio,25-Congresso Católico Internacional em Lisboa, durante as comemorações de Santo António.
Há manifestações anti-clericais, por ocasião da procissão, surgindo uma autêntica caçada aos padres que a própria imprensa republicana considera selvagem. Gritam abaixo as sotainas. A procissão, presidida por Burnay, é destroçada por manifestantes, liderados por Heliodoro Salgado, unidos da Liga Progresso e Liberdade, na Rua do Ouro, enquanto os maçons organizam um cortejo cívico que se dirige ao cemitério dos Prazeres


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1894 (3ª Parte)

  • Alterações no governo
Carlos Lobo dAvila passa a assumir a pasta do Ministério dos Negócios Estrangeiros substituindo Frederico Arouca enquanto Campos Henriques o substituía nas Obras Públicas

Político e escritor. Uma das figuras trágicas da política portuguesa. Director de O Tempo que fundou em 2 de Janeiro de 1889. Fez parte do grupo dos Vencidos da Vida. Amigo de Oliveira Martins. Filho de Tomás de Lobo d’Ávila.

Chamado o Carlotinha por causa das suas tendências homossexuais.

Começando por aderir aos progressistas, passa a ministro regenerador. Ministro das obras públicas, comércio e indústria no governo de Hintze, desde 20 de Dezembro de 1893, substituindo Bernardino Machado. Restringe o funcionamento das associações de classe em Janeiro de 1894.

Passa a ministro dos negócios estrangeiros, no mesmo governo de Hintze, em 1 de Setembro de 1894.



  • Dezembro,09-Comício da União Liberal no Campo Pequeno contra o governo.
José Maria de Alpoim proclama que a pátria está em perigo. No Porto, o conde de Samodães também preside a comício de protesto no teatro do Príncipe Real, no dia 16, onde José de Alpoím pede que se hasteie para todos uma única bandeira, a bandeira da Democracia, bandeira que não se confunda com o estandarte real, que seja a bandeira da pátria.

O jornal progressista Soberania do Povo chega a proclamar que a monarquia está morta.


(retirado de )
  • Dezembro,22-Reforma do ensino secundário (regulamentada a 14 de Agosto de 1895).
Os liceus passam a ter um curso geral de cinco anos e um curso complementar de dois anos.



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1894 (2ªParte)

  • Maio,04-Abertura do parlamento é adiada para 1 de Outubro.
A abertura das cortes, foi adiada, porque o governo constatou que a reeleição da sua maioria. verificada como consequência das eleições de Abril, não era suficiente, devido ao acentuar das divergências entre Hintze e João Franco. Ambos se haviam excedido na distribuição de benesses, que a imprensa ia divulgando, procurando apoio para as suas causas.

Esse clima de insegurança justifica o adiamento, ambos sabiam que precisavam do Rei, para resolver a questão do poder na chefia do governo.
  • Julho,02-Manifesto da União Liberal (coligação entre Progressistas e Republicanos) apelando ao boicote ao pagamento de impostos.
Esta União Liberal surge na sequência da forte contestação ao adiamento da reabertura do parlamento para 1 de Outubro. José Luciano lider Progressista queria lançar uma campanha de comícios, em conjunto com o envio de mensagens de desagrado ao Rei e boicote ao pagamento de impostos.

Nascia a União Liberal unindo aqueles dois partidos e antigos Regeneradores desavindos com Franco e Hintze Ribeiro.

A resposta do Rei, que não mostrou qualquer abertura em alterar a decisão tomada, exasperou a oposição afirmando D.Carlos se colocara fora da Constituição

Na Assembleia geral dos Progressistas no Porto em 7 de Junho, numa grande manifestação partidária com cerca de 2000 delegados, José Luciano propõe uma revisão constitucional que retire poderes ao Rei e outro conjunto de disposições de índole mais liberal.

Quando surge este manifesto que apelava ao boicote aos impostos, o presidente da Comissão executiva era o general João Crisóstomo
  • Julho-Decreto estabelecendo os Sindicatos Patronais Agrícolas, cujos objectivos não era o de um qualquer órgão de classe, mas apenas uma associação para análise técnica dos problemas da agricultura.
Morre em apenas com 49 anos vitimado pela tuberculose tendo dito na hora da morte "Morro triste não levo saudades do Mundo".

Personagem de grande influência na corte, chegando a ser Ministro da Fazenda do governo de Dias Ferreira, com quem viria a desentender-se pouco tempo depois.
Autodidacta, publicou vários livros de economia e finanças, mas a História de Portugal seria a sua grande paixão, muito embora a sua visão dos factos, fosse constantemente prejudicada pela sua extrema "fogosidade interpretativa".

Acontecimentos no ano de 1894(1ªParte)

  • Janeiro,31-O governo dissolve as Associações Comercial e dos Lojistas de Lisboa substituidas em 12/2 por uma Camara de Comercio e Industria.
O início deste ano, foi marcado por forte agitação nas ruas, inspirada pelas Associações Comercial, da Industria e dos Lojistas de Lisboa, cujas assembleias eram dominadas por oradores "incendiários", que como já acontecera em 1891, podiam gerar situações de muita violência.

No dia 29 de Janeiro, convocaram um comício de protesto para o Coliseu dos Recreios, contra o aumento dos impostos, Face à proibição desse comício pelo governo, que desencadeou uma greve generalizada, encerrando todos os estabelecimentos, escritórios e oficin
as a Baixa de Lisboa.

O governo tentou convencer os lojistas a manterem os estabelecimentos abertos, mas foi em vão. Era ums segunda-feira que parecia um domingo, como se disse na altura.

E assim no dia 31 de Janeiro o governo acabou por decretar a dissolução dessas Associações.


O rei entretanto regressara de Vila Viçosa e no dia seguinte passeou-se na sua carruagem para ver o ambiente, como ele gostava de fazer, como forma de avaliação da situação junto do povo.

Chegou a receber os representantes dessas Associações e o governo acabou por prometer rever as reformas fiscais que tinham estado na origem do incidente.


  • Março,04-D.Carlos participa nas comemorações do centenário do Infante D.Henrique

Depois de muitos trabalhos e contrariedades, constituiu-se em 1892 uma grande comissão que dedicadamente trabalhou, celebrando-se no Porto, sua terra natal, o centenário do infante D. Henrique com toda a solenidade e brilhantismo

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Efectuaram-se as festas nos dias 1, 2, 3 e 4 de Março de 1894, sendo os dias 3 e 4 considerados de grande gala, por decreto de 28 de Fevereiro de 1894.

No dia 4 foi solenemente assente a primeira pedra no momento, na praça do Infante D. Henrique, assistindo a esta cerimónia suas majestades el-rei senhor D. Carlos e a rainha senhora D. Amélia, representantes do governo, autoridades, etc.

O monumento é obra do escultor Tomás Costa, e inaugurou-se, também com a assistência da família real, em 31 de Outubro de 1900.

A estátua encontra-se no Largo do Palácio da Bolsa, hoje designado Praça do Infante D. Henrique, no Porto


Publicou-se também na altura um livro, profusamente ilustrado, com muitos artigos e notícias curiosas.
  • Maio-Augusto de Castilho é preso à chegada a Lisboa por ter ajudado na revolta dos marinheiros brasileiros.
Augusto de Castilho era ainda aspirante da Marinha, quando depois de ter servido em Angola, na Índia e em Moçambique, foi mandado para o Brasil, comandando uma divisão naval no Rio de Janeiro, para defender os interesses portugueses num conflito resultante do levantamento da esquadra brasileira.

Desse conflito, onde se manteve inflexível à palavra dada numa determinada situação, que envolvia direitos de asilo, acabou por ser mandado regressar. Foi de imediato preso à chegada a Lisboa e levado a conselho de guerra, do qual ssaiu absolvido e nomeado de seguida comandante da Escola Naval.

  • Maio-Fundação em congresso a Confederação Nacional das Associações de Classe.
O movimento operário ia cada vez mais se aproximando dos Partidos Socialista e Republicano e cada vez mais a ser controlado pelo partido Socialista. Esta Confederação , que poderíamos comparar com a CGTP dos nossos dias, era constituída pelas Federações de Lisboa, Porto e Tomar.