terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ideia geral sobre o governo de Luciano de Castro

(Augusto José da Cunha)

Muito embora viessem a ter uma larga maioria nas eleições de 2 de Maio de 1897, desta feita José Luciano de Castro e o Partido Progressista já não sentia necessidade de eleger deputados republicanos, com ou sem União Liberal como tinha acontecido nas eleições de 1890 e de 1894.

Da anterior governação, o governo manteve a rédea curta com o célebre juiz Veiga à frente da Instrução Criminal que mandava apreender ou fechar jornais por "ofensas às instituições", ou a lei que continuava em vigor que permitia deportar quem fizesse propaganda anarquista.

A anterior luta enquanto oposição contra qualquer condicionamento ao direito à opinião, transformava agora os Progressistas em arautos doutra mensagem "a liberdade não manda consentir os insultos dos que injuriam o poder".

Havia contudo algo que preocupava José Luciano, os documentos da cumplicidade antiga com o que, ao que parece, os jornalistas republicanos faziam chantagem com o governo, por forma a limitar a sua acção no que aquele partido dizia respeito.

Continuavam os republicanos, enquanto partido, a não ter força suficiente para assustar quer a coroa, quer o governo, pois continuava presente a ideia que aquele partido, não passava duns jornalistas de Lisboa e Porto, com influência apenas nessa urbes.

O rei era aconselhado a manter os Progressistas, mais tempo no poder, para que uma breve passagem não se traduzisse numa eventual migração de simpatizantes rurais insatisfeitos, para as fileiras republicanas na província.

Neste período destaca-se a figura de Augusto José da Cunha, figura central nesta teia de compromissos que envolvia a coroa também.

Cunha havia sido professor do rei D.Carlos. Luciano de Castro nomeou-o em 1899 director do Banco de Portugal, após ter saído de Ministro das Obras Públicas, cargo para que tinha sido nomeado no início do governo em 7 de Fevereiro de 1897.

Viria a descobrir-se, anos mais tarde que, para além de ter arranjado fundos para o Partido Republicano fazer uma revolução, fora um dos Ministros da Fazenda na sua primeira passagem por outro governo de Luciano de Castro, que mais dinheiro adiantara a D.Carlos.


Augusto José da Cunha viria a aderir ao Partido Republicano em 1907

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